Jornal UNI-BH

Tuesday, October 18, 2005

Associação quebra preconceitos

Júnia Leticia

Homem não chora! Esta frase, há muito tempo dita e ainda hoje repetida, exemplifica a cultura machista que ainda impera, principalmente em países latinos. No entanto, os homens de hoje querem ser mais atuantes em áreas anteriormente atribuídas às mulheres. Na educação dos filhos, é comum eles recorrerem à Justiça, para que essa convivência seja mais freqüente. E foi para reivindicar este direito que surgiu a associação Pais para sempre.

A associação foi criada no Brasil, em agosto de 2000, a partir de um grupo de debates na Internet. “Os atendimentos, entretanto, começaram em janeiro deste ano, quando foi conseguida uma sede”, informa o fotógrafo Rodrigo Dias, presidente e fundador da Pais para sempre. Segundo diz, a associação já existe em Portugal, na Espanha, na França, na Inglaterra, em Israel e na maioria dos países onde a guarda única (processo em que um dos pais recebe a responsabilidade de continuar educando e criando o filho) é constituída como regra.

Rodrigo Dias destaca que Belo Horizonte é a primeira cidade a ter a Pais para sempre. “Nós esperamos que, rapidamente, possamos abrir associações em todo o País. Mas ela já tem uma característica de âmbito nacional, porque temos um site (www.fotojornalismo.fot.br/conviver.html), com um volume muito grande de informações", esplica.

A associação atende, em média, 20 pessoas por semana. “Como nosso trabalho é voluntário – não temos recepcionista, por exemplo –, prestamos serviços dentro do nosso limite de capacidade”, diz. Ele conta que as pessoas que procuram a entidade vêm em busca de atendimento jurídico, informações sobre o que é a guarda e conforto para amenizar a dor da separação entre pais e filhos.

O fotógrafo critica a forma como é exercida a guarda, que, de acordo com ele, provoca o abandono sentimental dos filhos: “Um pai, que só vê seu filho a cada 20 dias, não consegue manter um vínculo de convivência e de amizade. Com isto, perde o pátrio dever de cumprir com suas responsabilidades, e passa a ser apenas um espectador. Muitos pais, não admitindo esta função, afastam-se dos filhos”.

Com a mudança de comportamentos, Rodrigo chama a atenção para a importância de se dividir responsabilidades. “A sociedade já consegue ver que a mulher participa em todos os aspectos da vida cotidiana. É mais que natural que ela divida suas responsabilidades com o filho. Esta tarefa é uma obrigação do pai também”, analisa.

O presidente da associação analisa o problema, com base em sua própria experiência. “Tenho um filho de cinco anos, chamado Lucas, e não consigo vê-lo com a freqüência que ele gostaria e que eu acho necessário.”

Para facilitar o processo de guarda, a associação criará um núcleo do Instituto Brasileiro de Mediação e Arbitragem do Brasil. Trata-se de uma entidade sem fins lucrativos, que difunde pelo Brasil a importância do processo de mediação, antes que chegue à Justiça.

Há duas formas de participar da associação: uma como sócio, que quer participar do assunto sobre guarda compartilhada, e outra como voluntário. Como voluntário, será treinado para ter conhecimento a respeito do que é guarda. “Advogados, assistentes sociais, médicos, psiquiatras, dentre outros profissionais, podem ajudar-nos a desenvolver o trabalho da mediação e de informação sobre a guarda”, ressalta.

Para a psicóloga Jacqueline Pitchon, a participação dos pais no desenvolvimento dos filhos é creditado a dois fatores: devido à divulgação da psicologia infantil (que possibilitou a mudança na relação entre eles), e à busca da mulher por seu desenvolvimento financeiro. Sendo assim, os papéis, adotados anteriormente tiveram de ser revistos.

Voluntariado
– Desde dezembro de 2000, a advogada Maria Angela dos Santos Rocha é voluntária da associação. Convidada por Rodrigo Dias, a advogada ressalta que um dos grandes benefícios da associação é estabelecer o equilíbrio sentimental entre pais e filhos.

Apesar da procura ser predominantemente de homens, que reivindicam a visita, a associação também oferece serviços às mães, destaca Maria Angela Rocha. “Os pais agora estão querendo tornar-se mais presentes na vida dos filhos.”

Ela aponta que as pendências judiciais têm base em vingança. “É uma falta de conhecimento, da mãe, principalmente, quando se separa, que considera a situação como fosse uma briga constante. Então, ela se utiliza disso como impedimento para as visitas do pai ao filho. Caso ocorra a discordância da mãe neste sentido, o caso é levado ao jurídico, que vai ordenar o horário para visitas. Neste momento, em que a associação se afasta, é feito um encaminhamento a um advogado que, queira atuar na associação voluntariamente. Agora, se o pai quiser aumentar o tempo de permanência com o filho, e não conseguir por meio de um acordo, ele pode mostrar ao juiz os benefícios de um maior tempo de convivência com o filho”, finaliza.

Pais para sempre
Rua Leopoldina, 312 – casa 7 – Santo Antônio
Tel.: (31) 9996-9599
Site: www.fotojornalismo.fot.br/conviver.html

UNI-BH forma primeiras turmas do curso Especialização em Marketing e Comunicação

Júnia Leticia

No dia 16 de dezembro, às 9 horas, foi realizado no auditório da Pós-Graduação do UNI-BH o encerramento do curso Especialização em Marketing e Comunicação, turmas I e II. De acordo com a Diretora do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas e Coordenadora do Curso de Pós-Graduação, professora Sueli Baliza, “a cerimônia, na verdade, é o coroamento de todos os esforços que os alunos fizeram durante o curso, principalmente por ele ser realizado nos finais de semana”, analisa.

Orador da primeira turma do curso de Especialização em Marketing e Comunicação, o assessor de imprensa da Multitexto Comunicação Empresarial Robson Abreu, ressalta a importância da especialização. "É uma forma de melhor se atualizar no mercado. Na empresa na qual trabalho já utilizo os conhecimentos que obtive." Ex-aluno do UNI - formou-se em Jornalismo em 1994 - Robson, em seu discurso, sintetizou o que os alunos viram durante a Pós-Graduação e ressaltou o esforço que todos fizeram para se formar, já que as aulas eram realizadas às sextas e aos sábados, em horário integral.

O projeto de criação do curso foi de iniciativa da professora Sueli Baliza. “A nossa proposta surgiu a partir de um amadurecimento. A graduação na comunicação nos possibilitou entender que o momento era correto para lançarmos um curso de marketing e comunicação. Diferentemente dos cursos que existem em Belo Horizonte, voltados para a área de marketing, nós optamos por montar um curso que também prepara o aluno para gestão e marketing e oferece a ele uma releitura na área de comunicação”, completa.

No currículo há algumas disciplinas que discutem e reelaboram questões da comunicação, como esclarece a professora. “As duas turmas que se formaram agora concluíram e a turma que se formará em agosto irá concluir um curso com 420 horas, com matérias que ultrapassam as disciplinas propostas para os cursos puramente de marketing. Temos Políticas de Comunicação, Direito do Consumidor, Metodologia Universitária, Elaboração de Projeto Científico”, diz.

O próximo curso Especialização em Marketing e Comunicação, que terá início em fevereiro, será ampliado. “Será composto de 448 horas, porque acrescentamos a disciplina Comunicação e Cidadania. Percebemos, em um projeto mais amadurecido, a partir da resposta que os próprios alunos nos deram, que seria importante ter um espaço para discutir com mais precisão as questões éticas que fazem parte do trabalho do profissional de marketing. É a visão do consumidor cidadão, aquela pessoa que precisa ser respeitada em seus direitos”, afirma.

Os profissionais que procuram a Pós-Graduação Especialização em Marketing e Comunicação são formados em áreas distintas. “Nós acreditamos que o curso realmente vem ao encontro de muitos desejos que os alunos da graduação apresentam quando saem de seus vários cursos”, confirma. Sueli Baliza destaca a presença de graduados em Administração, Economia, Comunicação, Psicologia, Engenharia no curso. “O lastro destes profissionais que estão nos procurando é o fato de que muitos deles trabalham na área do marketing, com vendas, no atendimento ao consumidor, gerenciando o processo de imagem das suas empresas. Eles são graduados em várias áreas específicas, mas atuam na área do mercado”, conclui.

Programa da TV UNI-BH exibe bastidores da vida real

Júnia Leticia

Rodoviária, aeroporto, lavanderia, zoológico, fábrica de refrigerante... Em princípio, locais comuns, mas será que todo mundo conhece realmente esses lugares? A resposta é “não”. Há sempre algo que o público desconhece. E é essa a proposta do programa Bastidores: mostrar o que as pessoas não vêem, revelando aspectos e curiosidades das mais diversas áreas.

O programa é exibido nas segundas, quintas, sábados e domingos na TV UNI-BH, canal 15, e tem como atuais apresentadores os alunos do 6o período de Jornalismo do Centro Universitário de Belo Horizonte, Flávia Luiza Pereira e Pedro Antônio de Oliveira. O Bastidores é gravado sem cortes: o repórter vai narrando simultaneamente os fatos, de forma dinâmica e original, conduzindo o telespectador a testemunhar os acontecimentos, sem perder o ritmo. “Gosto de me sentir o próprio telespectador invadindo os vários ambientes e fazendo as mais diferentes perguntas”, destaca Pedro Antônio.

Para Flávia Luiza, gravar o Bastidores é um desafio agradável: “O apresentador precisa ter um certo ‘jogo de cintura’, e não deixar o programa esfriar, fazendo com que a narração seja espontânea e ininterrupta, tomando o cuidado de fazer perguntas interessantes”, enfatiza a apresentadora.

A produtora do programa, Camila Cantagalli, estudante dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda do UNI, considera a produção do Bastidores uma ótima chance de experimentar a prática: “Eu aprendo muito fazendo o programa, além de me divertir bastante. Talvez a maior dificuldade seja encontrar uma boa pauta e conseguir autorização para filmar em determinados locais."

A atração já mostrou os “bastidores” de restauração de livros e igreja, confecção de objetos em pedra-sabão, espetáculos como o do Grupo Corpo, festa de aniversário da discoteca UFO, circo, simulador de vôo, feira da propaganda, funcionamento de emissoras de rádio e televisão, e muito mais.

Um fato interessante é que o Bastidores é assistido por um público bastante heterogêneo: crianças, jovens e adultos interessam-se pelo programa. É o caso da telespectadora Inês Cristina Gomes Godinho, 33 anos, que não perde uma edição: “Gosto do programa, justamente porque ele nos dá a oportunidade de conhecer mais detalhes sobre determinado lugar por onde passamos todos os dias, como foi o caso do aeroporto de Confins”.

A dona-de-casa Liana Lopes, de 75 anos, moradora do Funcionários, além de achar o programa educativo, adora o clima de descontração dos apresentadores: “O programa é fácil de ser assistido, e nem por isso deixa de ser inteligente”, elogia.

Correio Sentimental ameniza solidão

Júnia Leticia

Com a chegada da Internet, houve uma revolução na Humanidade. Rapidez e comodidade nas comunicações são alguns exemplos dos benefícios da rede. Até mesmo os relacionamentos pessoais foram revistos. A Web, ao encurtar distâncias, favoreceu os relacionamentos, sobretudo, para pessoas tímidas ou cautelosas. E a violência das grandes cidades está contribuindo para que essa forma de comunicação alcance mais adeptos.

Alheias às vantagens da Internet, entretanto, muitas pessoas recorrem a formas mais antigas de encontrar um(a) namorado(a). O Correio Sentimental, coluna publicada há aproximadamente 20 anos no jornal Diário da Tarde, atende, em média, a 150 pessoas por semana, que procuram amenizar a solidão. É o caso do comerciante Geraldo Pinto. Natural de Corinto, Geraldo já escreveu para a coluna três vezes. Por não sair com freqüência, o comerciante encontra mais dificuldade em conseguir namorada. "Não sou freqüentador de barzinhos, locais de mais fácil aproximação com outras pessoas. Já por meio do Correio Sentimental, muitas pessoas ligam e escrevem para a gente e acaba-se conhecendo alguém", diz o comerciante.

Quanto a amizades, Geraldo não as tem. Ele gostava de sair com amigos, mas conta que desde os 28 anos (atualmente tem 36) desistiu das amizades. "Eu já passei muita coisa ruim por causa de amigos. Inclusive estar em certo lugar e me oferecerem drogas. Agora só saio se for com namorada. Gosto muito de conversar com pessoas de idade, que têm experiência sobre a vida. Mas não tem nada de sistemático da minha parte. E já tive muita gente que concordou comigo, que não vale a pena ter amizade. Só procuro fazer tudo da maneira mais simples."

Quanto aos trotes que ocorrem, ele não tem medo. Indiferente às brincadeiras a que está sujeito, Geraldo Pinto afirma que tem como se desvencilhar de pessoas inescrupulosas. "Uma mulher que ligava para mim dizia ter 18 anos. Quando descobri, tinha 53. Liguei para a polícia e, por meio do número, eles descobriram o telefone dela. Se eu quisesse, os policiais tomariam providências; mas eu não quis. No entanto, encontram-se pessoas sérias. Não acho nada arriscado me relacionar por meio do jornal, já que marco encontros nas proximidades de onde moro. E acho muito importante o Correio Sentimental; afinal, você atende quem quer. Se você não tem interesse, fala que já arranjou outra pessoa. E se não der resultado nenhum, pode escrever de novo. Atualmente, estou falando por telefone com uma menina que quer se encontrar comigo; até mandou foto para mim."

Apesar de sempre participante do Correio Sentimental, Geraldo Pinto não conseguiu ter um relacionamento por meio da coluna. E ele justifica: "Geralmente, ao encontrar a pessoa, descobre-se que ela não é aquilo que se esperava, mas acho que vale a pena porque se fazem boas amizades. Conhecemos muita gente e isso pode acabar dando certo".

Antes de escrever para a coluna, o comerciante namorou durante 8 anos. A esse relacionamento, ele atribui parte de sua desilusão com a vida. "Até 6 anos de namoro, era tudo normal. Depois de algum tempo, descobri que ela estava se encontrado com outra pessoa. Eu ameacei contar à sua família o acontecido. O irmão dela, que era policial, por vingança, arrastou-me para o meio de um matagal, com uma arma apontada para a minha cabeça. Desta época para cá, venho arrumando outras namoradas, mas não tem dado resultado. Às vezes achamos que alguém está gostando de nós e não está nada; quer é aproveitar. Por isso fiquei desconfiado e escrevo para o Correio Sentimental. Às vezes a gente encontra a mesma história. Se alguém procura o Correio Sentimental é porque está carente e pensa como a gente."

Segundo a psicóloga Jacqueline Pitchon, as pessoas recorrem ao Correio Sentimental para se sentirem mais protegidas. “Na verdade, fazem isto porque não querem expor-se”. Ela acrescenta que esse comportamento está relacionado com a forma que a pessoa se sente e com sua personalidade. “Pessoas introvertidas têm mais dificuldade para fazer contato. Escrevendo para a coluna, elas se arriscam de certa forma, mas não se expõem. As pessoas que vão procurá-lo (no caso do Geraldo) gostaram de sua apresentação. Desta maneira, ele se sente mais seguro”, arremata a psicóloga.

Idosos e portadores de deficiência conquistam novos espaços

Júnia Leticia

Com o aumento da expectativa de vida, notou-se a carência no mercado de profissionais que atendam às pessoas que entram na terceira idade. No Brasil, 9,1% da população têm mais de 60 anos, de acordo com o Censo 2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outra parcela da sociedade, que também necessita de serviços especializados, é formada pelos portadores de deficiência. Representando cerca de 17 milhões de pessoas, atualmente eles têm ganhado mais atenção, graças a alguns profissionais que direcionam suas áreas de atuação para melhor atendê-los.

A decoradora Fernanda Loureiro faz parte destes profissionais. Para isto, ela especializou-se em designer para pessoas da terceira idade e com limitações físicas. A decoradora conta que, nos Estados Unidos, onde fez mestrado há dez anos, a preocupação com esse tipo de público já era constante, fazendo parte dos projetos de escola.

A procura por seus serviços ocorre tanto por parte da pessoa que precisa mudar seu ambiente, quanto por seus parentes. Fernanda conta que, a partir daí, o projeto é adaptado às limitações dos clientes. "Temos de procurar modificar o espaço para facilitar a circulação e melhorar o conforto dentro de casa. Quanto à estética, não nos podemos esquecer de colocar peças bonitas e acessórios que auxiliem no dia-a-dia. Uma pessoa idosa, por exemplo, tem necessidade de maior contraste, porque sua visão está mais comprometida. Se forem colocados o piso, a parede e o rodapé da mesma cor, ela vai ter dificuldade com a noção de profundidade", explica a decoradora.

Em seu trabalho, Fernanda descobre as aptidões de seus clientes. O conceito de deficiência, aliás, é contestado por ela. "A deficiência ocorre caso o ambiente não permita a execução das atividades necessárias para se viver. Se a pessoa possui pouca visão, e chega a um elevador que tem a numeração em braile ou possui uma gravação que diz o número dos andares, não está deficiente. Se usa cadeira de rodas, mas consegue locomover-se graças à instalação de rampas, não encontra empecilhos para chegar aonde quer. O lugar é que proporciona as limitações. Nossa tarefa é transformar as restrições em habilidades", explica.

A preocupação com os projetos de decoração ocorre, inclusive, com pessoas que não possuem limitações físicas. "Atualmente, percebemos que as mudanças de residência ocorrem com menos freqüência, principalmente se a faixa etária é 40 anos. Para isto, é necessário ter certos cuidados, como deixar as portas dos cômodos maiores, prevendo a necessidade de mais espaço para circulação", ressalta Fernanda.

Mas a sociedade já está começando a perceber que há formas de proporcionar a dignidade a que estas pessoas têm direito. O primeiro indício foi a regularização, em 1994, da Norma 9050, da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Este órgão, responsável pela normalização técnica no País, fixou "padrões e critérios que visam a propiciar às pessoas portadoras de deficiências condições adequadas e seguras de acessibilidade autônoma a edificações, espaço, mobiliário e equipamento urbanos". Fernanda Loureiro afirma que a Norma sinaliza o início de grandes mudanças na sociedade atual.

O Projeto de Lei no 1.070, em tramitação desde 1999, também "dispõe sobre a oferta de condições de acesso e uso adequado aos portadores de deficiência física e idosos, quando da construção de edifícios com capacidade para abrigar mais de cem pessoas". Para o arquiteto Mozart Vidigal, tal medida divulgará a arquitetura de acessibilidade e disponibilizará seu uso pela sociedade em geral.

Trabalhando como voluntário do Ministério Público de Defesa dos Idosos e dos Deficientes, Mozart visita instituições públicas. A pedido da Promotoria de Justiça, o arquiteto verifica a possibilidade de adaptação dos ambientes para melhorar a qualidade de vida.

O arquiteto conta que, com pequenas reformas, é possível efetuar grandes mudanças. A pedido de terapeutas ocupacionais, ele desenvolveu um trabalho para uma senhora, moradora da periferia de Belo Horizonte. Devido a problemas de locomoção, foi feito um guarda-corpo de canos nas paredes, para que ela pudesse, apoiando-se nele, chegar até à porta de sua casa. "A arquitetura de acessibilidade é viável para todas as classes sociais. O custo, assim como o tempo para a conclusão da obra, depende do tipo de projeto a ser executado", conclui Mozart Vidigal.

"Histórias do não ver" aguça os sentidos

Experiências reveladas em livro a partir da não-visão revelam uma nova concepção de mundo

Júnia Leticia

A Celma Albuquerque Galeria de Arte lançou recentemente o livro Histórias do não ver, do artista visual Cao Guimarães. O livro surgiu de oito experiências do artista a partir da não-visão. Entre 1996 e 1998, Cao Guimarães, com os olhos vendados, pediu a alguns amigos que o "seqüestrassem". A partir daí, fotografava os locais por onde passava e, terminado o "seqüestro", escrevia pequenos relatos da experiência, baseados no que havia apreendido com os outros sentidos. Daí surgiu o livro.

O interesse por este tipo de experiência começou a partir das brincadeiras de infância - tais como cabra-cega - das quais participava. Mas o motivo imediato surgiu quando ele fazia um curso de natação. "Eu nadava pela manhã e, quando entrava dentro d'água e começava a soltar meu corpo, vinham à minha mente reminiscências dos sonhos da noite anterior. Essa segunda visita do sonho fez com que eu quisesse desenvolver um projeto que relacionasse o sentido a essa questão de se sentir 'seqüestrado' pelos sentidos. O contato com a água de manhã, o movimento mecanizado de nadar, em que me sentia como se saísse de mim mesmo, é, de certa forma, um seqüestro da realidade. Sonho e memória são formas de seqüestro."

As experiências que originaram Histórias do não ver foram realizadas em Belo Horizonte, São Paulo, Madri, Londres e Barcelona. Os oito amigos que participaram do projeto levavam o autor de sua casa, já vendado, para locais desconhecidos por ele. "Quando eu chegava em casa, é que tirava a venda dos olhos e começava a escrever um pequeno texto literário sobre as 'sensações' dos outros sentidos." Juntamente com as fotos "cegas", o artista escreveu seus relatos acerca da experiência da "não-visão".

A interferência do acaso na obra de Cao Guimarães foi responsável por cenas muito interessantes, já que o artista fotografava suas experiências de acordo com o estímulo de outros sentidos. Para ele, esta experiência foi única, uma vez que "desenvolveu um projeto com o conceito da produção literária e fotográfica por intermédio dos outros sentidos. Com isso, foram gerados textos e fotos interessantes."

Cao Guimarães conta, ainda, que o que mais o marcou em sua experiência foi o último "seqüestro" do qual participou. "Em uma manhã, eu estava sozinho no apartamento de um amigo, em Madri, quando tocou a campainha. Logo que abri a porta, um casal apontou uma arma para minha cabeça. Neste momento, achei que meu amigo estava envolvido em alguma enrascada e eu estava ali, de bode expiratório. Quando eles vendaram meus olhos, percebi que podia ser o 'seqüestro' planejado por meu amigo, o que mais tarde se confirmou".

Além do livro, Cao Guimarães pediu a seus amigos que filmassem suas experiências que originaram Histórias do não ver. O vídeo é só mais um dos trabalhos que o artista desenvolve em diferentes formatos audiovisuais. Em 1998, ele adquiriu o título de CEMasters of Artis in Photographic Studies na Westminster University, em Londres. Cao também participou, dentre outras, de exposições fotográficas na American Society, (Nova Iorque - 2001), Art Pace Foundation (Texas, Estados Unidos - 2001); Douglas Hyde Gallery (Dublin, Irlanda - 2000); Sybdrome: IASPIS, (Estocolmo, Suécia - 2000); Objeto - Anos 90, no Itaú Cultural (São Paulo - 1999) e CEAntártica Artes com a Folha (1996). Recentemente, o artista foi agraciado com o Prêmio GNT de Renovação de Linguagem no VI Festival Internacional de Documentários "É tudo verdade", em São Paulo, pelo longa "O fim do sem fim".

UNI-BH firma convênio com o Ipsemg

O acordo possibilita a contratação de 50 estagiários do Centro Universitário

Junia Leticia

Em 27 de abril deste ano, foi firmado um convênio entre o UNI-BH e o Ipsemg – Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais. O acordo objetiva a contratação de 50 estagiários das áreas de Direito, Ciência da Computação e Comunicação Social.

O Assessor Jurídico da Presidência do Ipsemg, Aloysio Dias Duarte, idealizador do projeto, ressalta, entretanto, que o programa não é novo. Atualmente, está sendo inserida uma nova metodologia de trabalho para os universitários. “Em abril, fizemos uma reformulação no nosso programa de estágios e, hoje, estamos realizando, com o Centro Universitário de Belo Horizonte o primeiro convênio de estágios do novo programa do Ipsemg. O trabalho será todo sistematizado, com acompanhamento de supervisor pedagógico, orientador e uma série de normas que o estagiário tem de respeitar e cumprir.”

Para a seleção dos estudantes, haverá um certo rigor, de acordo com Aloysio Dias. “Nós estamos pedindo ao Coordenador de Atividades Sociais e Estágio Empresarial do UNI-BH, professor Helbert Silva, para recrutar quem realmente queira praticar a profissão que escolheu. Porque sabemos que alguns universitários da atual geração estão passando pela escola somente para ter um papel. Já outros querem vestir a camisa e exercer de fato a profissão”, salienta. Outro solicitação feita pelo Assessor Jurídico refere-se ao abandono a qualquer momento do estágio. “Pedimos ao professor Helbert Silva alunos que tenham o compromisso de, depois que tenha aprendido a função, continuem conosco por mais um período.”

Sabendo do investimento que significa um estudante para a instituição, o professor Helbert Silva esclarece que haverá uma cláusula contratual que fornecerá uma orientação maior acerca do tempo de permanência do universitário no Ipsemg. E ciente das exigências do mercado, o professor ainda aponta uma das novidades da Coordenadorïa de Atividades Sociais e Estágio Empresarial do UNI-BH para os alunos e os empresários. “Criamos diferenciais no mercado que estão sendo muito bem aceitos. Um deles é o de se começar a fazer estágio a partir do primeiro período. Assim, quando chegar o momento em que o estudante tenha de fazer o estágio curricular propriamente dito, sua qualificação será muito mais relevante.”

A guerra em Angola

Júnia Leticia

A República de Angola, desde seu descobrimento pelos portugueses, no século XVI, nunca viveu em paz. A crise agravou-se em 1975, a partir de sua independência. O País desperta o interesse internacional por possuir grandes jazidas de diamantes e destaca-se por ser o maior exportador de petróleo para os Estados Unidos. Entretanto, segundo informa relatório da organização Médicos Sem Fronteira, é freqüente a falta de combustível, vital para o funcionamento dos geradores dos hospitais. As minas terrestres, colocadas em solo angolano ao longo do conflito, está entre seus principais problemas. Estima-se que há de 15 a 20 milhões de minas, que resultaram em 70.000 mutilados.

Um levantamento da ONU – Organização das Nações Unidas – revela que a taxa de mortalidade, de quase 30% entre as crianças com menos de cinco anos classifica Angola como um dos piores países do mundo. Dois terços dos habitantes vivem com menos de um dólar por dia. O Índice de Desenvolvimento Humano de 1997 constatou que 82,5% da população vive em pobreza absoluta e a expectativa de vida para homens é de 45 anos e, para mulheres, de 48.

Contrariando as estatísticas, alguns refugiados conseguem superar esta previsão. Os pais do professor de idiomas Eurico Josué Ngunga, no Brasil desde 1993, Frederico Ngunga, 65 anos, e Filomena Ngunga, 54, são exemplos. Eles chegaram a BH há cinco anos e fazem parte da comunidade angolana que tem, segundo Josué, cerca de 300 pessoas. “Não há dados precisos sobre a população angolana na capital mineira. Para isso, criamos a Associação dos Amigos de Angola, a fim de conhecer suas dificuldades. Estamos também tentando aproximar-nos do Governo, do Consulado Angolano no Rio de Janeiro e da Embaixada em Brasília, para obtermos ajuda”, esclarece.

Eurico Josué Ngunga diz que a situação política é a principal causa da crise em Angola. Ele explica que o País é dominado por duas facções: o partido do governo, MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), que domina a produção de petróleo, e a Unita (União Nacional para a Independência Total de Angola), que faz oposição e controla a produção de diamantes. “Eles lutam por uma causa, digamos semelhante, mas usam meios diferentes, bélicos, para poder obter a paz e conseguir vencer eleições”, conta o professor.

De acordo com o que ele diz, a situação é muito séria. “As infra-estruturas estão todas destruídas, não há escolas, hospitais e ajuda humanitária suficiente para atender a todos.”

Josué Ngunga diz que, raramente, recebe notícias da família. “Temos irmãos que estão em localidades de difícil comunicação. Tenho duas irmãs que estão internadas na capital, Luanda, vítimas da malária. Quase não há medicamentos e elas já não têm esperanças. Dizem que só estão esperando a morte. Gostaríamos de trazer toda a família, mas, para isso, teríamos de pagar cerca de 2 mil dólares por pessoa. Eu e meu irmão já sustentamos os outros cinco membros da família que estão aqui”, destaca.

Para escapar do Exército, o professor fugiu para um seminário na Igreja Batista de missionários brasileiros, portugueses e americanos, em Huambo. Depois de um ano, foi para a capital, onde passou mais de dois anos até conseguir a documentação para sair do País.

Em fevereiro de 1991, Josué Ngunga tentou entrar no Brasil pela primeira vez. “Na época, havia uma lei em que os turistas que quisessem entrar no País como estudantes, teriam de ir para a Argentina ou Paraguai, para mudarem de visto na embaixada brasileira lá, e entrar novamente com o visto de estudante. Justamente naquela época, porém, Fernando Collor de Melo, então Presidente da República, tornou nula esta lei. Tive 24 horas para sair do País. De volta à Luanda, peguei malária, uma das grandes epidemias que há por lá. Mesmo sozinho e doente, fazia trabalhos pesados. Vivia à base de soro, pois não existem medicamentos para todos. Diariamente, percorria 16 quilômetros a pé até o hospital para tomar soro e agüentar trabalhar no dia seguinte”, observa.

Com a ajuda de amigos, obteve os 1.400 dólares necessários para a passagem. Em 1993, Josué conseguiu o visto de estudante e chegou ao Brasil.

À procura do irmão

O próximo passo foi encontrar o irmão. “A notícia que tinha era que ele morava em BH, mas estava partindo para Portugal. Assim que cheguei, procurei um médico angolano, que também estava exilado aqui e que eu não conhecia. Só sabia que ele morava no bairro Serra Verde. Na avenida Paraná, pedimos informações até encontrar a casa do dr. Joaquim Ricardo Kangue. Por sorte, ele conhecia meu irmão e, no dia seguinte, eu o encontrei.

Ao chegar ao Brasil, Josué ainda estava doente. Pesava 49 quilos, mas tinha disposição para trabalhar. “Como eu falava algumas línguas estrangeiras – inglês, espanhol e francês – , tive facilidade para encontrar o primeiro emprego, que foi na secretaria de uma igreja. Depois, comecei a dar aulas de idiomas”, completa. Hoje, além de professor de línguas, freqüenta o 6o período do curso de Letras.

A partir de sua própria experiência, Ngunga escreveu dois livros que ainda não foram publicados, por falta de patrocínio. Ndjango – A escola da vida é um romance que começa em sua aldeia (Kuima). O foco central é Soba, ancião da aldeia, que equivale a um cacique indígena, e passa a tradição para os jovens. Já o livro de poemas O mundo de um impossível divide-se em três partes: a primeira relaciona-se aos excluídos, tratando da busca pela essência da vida; a segunda exalta a mulher angolana, em especial a Nginga Mbandi, a única rainha guerreira que enfrentou os portugueses na colonização; e a terceira faz uma exaltação à humanidade, descrevendo as belezas do mundo. Josué também possui o grupo African Kiesse, que toca músicas inspiradas na África.

Visto de exilado – Ser refugiado no Brasil não foi problema para Josué. Já para Augusta Filomena Ngunga, 19 anos, irmã dele, que está no Brasil desde julho de 99, foi mais difícil, devido à burocracia, acredita ela. Seu visto de exilada só saiu em dezembro de 2000, mas uma das maiores dificuldades foi de adaptação. “As mensagens que chegam em Angola mostram o Brasil como um país de pessoas ricas, com cidades muito bonitas, onde todo mundo tem dinheiro”, ressalta. “Tanto pelos brasileiros que vão lá, quanto pelas novelas brasileiras”, completa.

As minas terrestres – Segundo um relatório global da Campanha Internacional para o Banimento de Minas Terrestres, mais de 110 milhões dessas armas encontram-se espalhadas por 64 países. Em 1994 foram produzidas, em 36 países, mais de 2 milhões de unidades. De acordo com estudos da ONU, isso custaria, no mínimo, 33 bilhões de dólares.

Segundo Eurico Ngunga, as minas estão instaladas nas periferias, nos bairros, nos campos e nas estradas de Angola. “As pessoas não podem cultivar. Essas minas foram colocadas desde o início da luta armada, na década de 60. O processo de desativação é difícil, porque tanto o governo como a Unita não possuem mapas de localização e ainda enterram minas em solo angolano.”

Em 1994, ocorreram os Acordos de Paz de Lusaka, ano em que foi criado o governo de transição, mediado por alguns países ocidentais e a Rússia, em Lusaka, capital da Zâmbia. Tanto o MPLA quanto a Unita se juntariam e formariam o Exército Nacional. “Só que nunca houve confiança entre os dois partidos. Depois das eleições, o País caiu novamente em guerra,” destaca Josué Ngunga.

Engana-se, porém, quem acha que os angolanos são tristes. “Sempre digo que uma das grandes armas do povo para não morrer é a esperança”, diz Josué Ngunga. “O que o colonizador não conseguiu tirar de nós é nossa alegria, tradição e cultura. Já que não temos como fugir dessa situação, o que nos resta é sorrir, cantar e dançar”, finaliza.

MIC completa seis anos dedicados à popularização da arte

Júnia Leticia

A arte popular está em festa. Em 2001, o Movimento Inter-regional de Cultura (MIC) completa seis anos divulgando a cultura popular. O MIC é formado por um grupo de pessoas ligadas ao universo das artes – músicos, poetas, artistas de circo, dentre outros –, que acreditam que a transformação da sociedade tem de passar pela cultura. De acordo com a coordenadora do MIC, Dirce Kuchler, o que une o movimento e o que faz seus integrantes desenvolverem um trabalho em conjunto é a crença de que, desenvolvendo a área cultural, eles contribuem para que toda a população tenha acesso às expressões artísticas.

Mais do que lazer, o MIC faz com que a população exercite a solidariedade. Segundo relata o músico sergipano Jorge Dissonância – há três anos no Movimento –, a partir do momento em que as pessoas que estão nas ruas percebem que alguém se preocupa com elas, passam a respeitar o próximo. A coordenadora do Movimento destaca o relato de um morador de rua que confirma o que diz o músico. Ela conta que, no último banquete que o MIC ofereceu aos moradores, perguntou a um homem se estava apreciando a festa e ele respondeu: “Está tudo muito bom, mas o que eu estou gostando mais é do carinho”.

Dentre os eventos promovidos pelo Movimento, há a Festa das Mães (que ocorre na véspera do dia das mães), o Banquete dos Mendigos e das Crianças (na véspera do Natal), o Dia da Consciência Negra e o “Tire as mães do asilo” (em que as velhinhas são levadas ao parque para participar de um chá dançante). Aos domingos, os integrantes do MIC se reúnem pela manhã (de 10 às 14h) no Parque Cidade Nova, e à tarde (de 15 às 19h), no Parque Guilherme Lage.

Por não possuir ligação com nenhum órgão, especificamente, o MIC faz parcerias com simpatizantes, que patrocinam as apresentações. A fotógrafa pernambucana (com mestrado em fotografia pela Universidade de Illinois, em Chicago, EUA) Eliane Velozo – que também participa do MIC – ressalta que as oficinas artísticas são realizadas com material doado. “Sempre encontramos parcerias de empresários e até mesmo da Prefeitura. Quando realizamos atividades próximas às regionais, busca-se apoio de som, transporte, palco e outros. Não temos um grande patrocinador, mas acabamos por precisar de muito pouco, já que a maioria do pessoal trabalha voluntariamente.” Mesmo assim, o Movimento carece de recursos financeiros. Dirce Kuchler conta que muitas vezes não conseguem divulgar os eventos por falta de cartazes. E, apesar de atuarem ativamente no cenário cultural de Belo Horizonte, não possuem nem mesmo uma sede.

Impressões sobre o cenário artístico

A arte é tratada no Brasil como uma atividade de loucos, segundo a fotógrafa Eliane Velozo. “Se sou artista, logo, sou louca. E se sou louca, não ligo para dinheiro. A cultura no País é tratada assim: em um momento, somos tratados como loucos, em outro, como delinqüentes, porque freqüentemente transgredimos alguma ordem, para realizar trabalhos na área cultural.”

O cenário artístico, de acordo com a fotógrafa, também é marcado por pessoas que não compreendem o que é cultura. Sendo assim, “é muito mais fácil arrumar 50 mil reais para pagar um grupo de pagode ou de axé para fazer uma intervenção, do que pagar dez músicos a mil reais cada um. Falo de música em razão do volume de dinheiro gasto com a divulgação de determinados conjuntos, que nada acrescentam ao cenário artístico.” Para Eliane Velozo, uma das funções da arte é desenvolver a consciência crítica nas pessoas.

Mesmo com todas as dificuldade encontradas no Brasil, a fotógrafa não pretende voltar a morar no Exterior. “A cultura daqui é riquíssima e acho que o Nordeste, apesar de muito carente, é a área mais cultural do País.”

CDs gravados por meio do MIC:

· Grande viagem de luz – Paulo Mourão
· O giro da roda de fogo – Luiz Marques
· Cavaleiro da lua – Sérgio Villard
· Brinquedo – Triângulo trio
· Euforia natural – Carlos Magno
· Bem H2O – Jorge Dissonância
· Caipe – Jorge Dissonância

UNI-BH forma primeiras turmas do curso Especialização em Marketing e Comunicação

Júnia Leticia

No dia 16 de dezembro, às 9 horas, foi realizado no auditório da Pós-Graduação do UNI-BH o encerramento do curso Especialização em Marketing e Comunicação, turmas I e II. De acordo com a Diretora do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas e Coordenadora do Curso de Pós-Graduação, professora Sueli Baliza, “a cerimônia, na verdade, é o coroamento de todos os esforços que os alunos fizeram durante o curso, principalmente por ele ser realizado nos finais de semana”, analisa.

Orador da primeira turma do curso de Especialização em Marketing e Comunicação, o assessor de imprensa da Multitexto Comunicação Empresarial Robson Abreu, ressalta a importância da especialização. "É uma forma de melhor se atualizar no mercado. Na empresa na qual trabalho já utilizo os conhecimentos que obtive." Ex-aluno do UNI - formou-se em Jornalismo em 1994 - Robson, em seu discurso, sintetizou o que os alunos viram durante a Pós-Graduação e ressaltou o esforço que todos fizeram para se formar, já que as aulas eram realizadas às sextas e aos sábados, em horário integral.

O projeto de criação do curso foi de iniciativa da professora Sueli Baliza. “A nossa proposta surgiu a partir de um amadurecimento. A graduação na comunicação nos possibilitou entender que o momento era correto para lançarmos um curso de marketing e comunicação. Diferentemente dos cursos que existem em Belo Horizonte, voltados para a área de marketing, nós optamos por montar um curso que também prepara o aluno para gestão e marketing e oferece a ele uma releitura na área de comunicação”, completa.

No currículo há algumas disciplinas que discutem e reelaboram questões da comunicação, como esclarece a professora. “As duas turmas que se formaram agora concluíram e a turma que se formará em agosto irá concluir um curso com 420 horas, com matérias que ultrapassam as disciplinas propostas para os cursos puramente de marketing. Temos Políticas de Comunicação, Direito do Consumidor, Metodologia Universitária, Elaboração de Projeto Científico”, diz.

O próximo curso Especialização em Marketing e Comunicação, que terá início em fevereiro, será ampliado. “Será composto de 448 horas, porque acrescentamos a disciplina Comunicação e Cidadania. Percebemos, em um projeto mais amadurecido, a partir da resposta que os próprios alunos nos deram, que seria importante ter um espaço para discutir com mais precisão as questões éticas que fazem parte do trabalho do profissional de marketing. É a visão do consumidor cidadão, aquela pessoa que precisa ser respeitada em seus direitos”, afirma.

Os profissionais que procuram a Pós-Graduação Especialização em Marketing e Comunicação são formados em áreas distintas. “Nós acreditamos que o curso realmente vem ao encontro de muitos desejos que os alunos da graduação apresentam quando saem de seus vários cursos”, confirma. Sueli Baliza destaca a presença de graduados em Administração, Economia, Comunicação, Psicologia, Engenharia no curso. “O lastro destes profissionais que estão nos procurando é o fato de que muitos deles trabalham na área do marketing, com vendas, no atendimento ao consumidor, gerenciando o processo de imagem das suas empresas. Eles são graduados em várias áreas específicas, mas atuam na área do mercado”, conclui.

A mulher por ela mesma

Júnia Leticia

Feiticeiras* a parte, a mulher tem comprovado sua eficiência peran-te as sociedades brasileira e mundial. Prova disto foi a indicação, em fevereiro de 2001, da juíza gaúcha Ellen Gracie Northfleet para ocupar uma vaga no Su-premo Tribunal Federal. Outra mulher de destaque é a escritora fluminense Ro-siska Darcy de Oliveira, que também é jornalista, professora formada pelo Insti-tuto de Educação e diplomada em direito pela PUC/RJ. Exilada durante dez anos na Suíça, por denunciar torturas contra presos políticos, Rosiska de Oliveira cri-ou, durante este período, em Genebra, o primeiro centro de estudos da mulher, atuou no movimento feminista internacional e, em março de 2001, lançou seu livro na Secretaria de Justiça, em Belo Horizonte.

Na obra A dama e o unicórnio (Rocco; 170 páginas), a escritora reúne textos publicados na imprensa brasileira sobre diversos temas, com destaque pa-ra a situação das mulheres ao longo do século XX. Conquistas, como a desco-berta da pílula anticoncepcional, o direito ao voto e a falta de autonomia para decidir questões relacionadas a seu próprio corpo (como o aborto, por exemplo), são enfocados no livro. De maneira interessante e envolvente, a autora discorre sobre assuntos que envolvem os direitos da mulher na sociedade.

Em O testamento de Adão, texto que integra sua obra, a escritora faz alusão ao "direito nato" dos homens de dominar o mundo. Questionando este fato, diz: "Afinal, em que cláusula do testamento de Adão - porque Eva aparen-temente, não possuía bens, nem sequer morais - ficou escrito que caberia aos homens, e sobretudo aos religiosos, escrever a história das mulheres, balizan-do-as com interditos, proibições, (...), em suma, tudo que tem sido argüido con-tra elas cada vez que se aproximam do território proibido do seu próprio corpo."

A velha Amélia, que ERA mulher de verdade, deve, sim, ser substitu-ída definitivamente por Emília, a travessa boneca criada pelo escritor Monteiro Lobato. A divina marquesa, "(...) compreendeu melhor que ninguém sua pouca importância e, inconformada com ela, e tendo a seu favor somente a inteligên-cia, casou-se por interesse com um porco, bem porcão, mas que ostentava o título de marquês (...). Uma vez feita marquesa, pediu imediatamente o divórcio, guardando, é claro, o título nobiliárquico. Interesseira? Sim, mas não mais que a Dama das Camélias ou Marguerite d'Autriche. Emília, marquesa de Rabicó, seguiu o caminho do poder pelo casamento que tantas mulheres tentaram, antes que o feminismo lhes abrisse portas mais dignas e instaurasse a moderníssima discussão sobre as mulheres e o poder." Hoje as mulheres não tem de recorrer ao casamento ou a seus atributos físicos para ser reconhecida como ser humano. Sua capacidade já é notória e, apesar de lento, o progresso é certo e indiscutível. Feiticeiras*, portanto, estão fora de moda.

* Feiticeira: Dança da Feiticeira e A captura da Feiticeira são quadros do programa SuperPositivo, da Rede Band de televisão. Protagonizados por Joana Prado, eles chamam a atenção do público para os atributos físicos da envolvida. O termo está no plural por abranger outras mulheres que vivem a mesma situação da personagem.

Thursday, September 29, 2005

Formação e mercado de trabalho em debate

V Ciclo de Palestra do Curso de Geografia e Análise Ambiental discute as amplas questões relacionadas à graduação

Júnia Leticia e Clarissa Lopes


Iniciada em 1999, a graduação de Geografia e Análise Ambiental oferece duas formações profissionais ao aluno. Além de exercer o magistério de ensino fundamental e médio, o formando estará apto a compreender a organização do espaço natural e humano e elaborar projetos de planejamento agrário, urbano e regional. Atuando nos setores público e privado e em ONGs, os geógrafos têm-se destacado na produção de diagnósticos e na solução de problemas socioambientais.

Desde o início do funcionamento do curso, busca-se o diálogo com profissionais de diversas áreas dos estudos ambientais. Nesse contexto inserem-se os ciclos de palestra, cuja 5o edição foi realizada no primeiro semestre deste ano. Para o Coordenador do Curso de Geografia e Análise Ambiental do UNI-BH, professor André Velloso, a participação dos universitários, não só nesse seminário, como em outros que acontecem pelo Brasil, é uma amostra dos esforços empreendidos por eles para aprofundar os conhecimentos sobre a ciência. "A participação demonstra o interesse dos alunos, não só pelas questões ambientais, mas pelas amplas discussões abordadas pelos geógrafos e pela Geografia."

A professora Ângela Maria da Silva Gomes, destacou a geografia como instrumento de mudança. Fernando César, aluno do primeiro período, confirma essa análise, para ele, essa iniciativa possibilita ao universitário escolher qual o melhor caminho seguir. Abertura de conhecimento e possibilidade de investigação, foram as definições dos estudantes do primeiro período Guilherme Sousa Ferreira e Flávia Aparecida Fátima Silva sobre V Ciclo de Palestras.

A natureza do processo criativo: ensino e pesquisa

Sob esse tema, o V Ciclo de Palestra do Curso de Geografia e Análise Ambiental iniciou as discussões sobre a ciência. O professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (IGC/UFMG) Dr. Cássio Eduardo Viana Hissa falou da necessidade do distanciamento do mundo para melhor percebê-lo. Segundo ele, ao nos afastarmos do espaço pesquisado, pode parecer que não fazemos parte dele: “Mas, na verdade, estamos partindo do pressuposto de que somos capazes de construir a distância necessária para o conhecimento objetivo, a partir do qual fazemos a análise e a interpretação do mundo.”

O processo criativo, de acordo com Cássio Hissa, é essencial na elaboração dos relatórios de pesquisa. E o bom andamento dos trabalhos depende da forma como os dados são organizados. Para o Dr. Hissa, a imaginação não pode ficar de fora do processo criativo. “Imaginar é recolher do mundo e transmitir para o mesmo algumas imagens, que são fundamentais à comunicação de qualquer coisa. O pesquisador tem de se fazer comunicar por meio de seu texto, seja ele oral ou escrito. Quando falo em comunicação, refiro-me, também, à necessidade de formular e fabricar imagens que são imprescindíveis para a compreensão do que será lido”, explica o professor.

Quando fala em convencimento, Cássio Hissa esclarece que o texto, seja ele do professor ou do estudante, tem de ser rico em imagens de todos os tipos, não apenas visuais. “Por ser técnico, não significa que o texto tenha de ser ruim. Muito pelo contrário. O texto deve ser bem escrito, para que todos possam compreendê-lo.” Com relação ao uso da imaginação no processo criativo, Dr. Hissa elucida que isso não implica na “invenção” de dados. “Refiro-me à capacidade de argumentação. A pessoa que lê ou escuta o texto tem de se sentir convencido que aquele caminho é o mais interessante.”

Para a elaboração de uma trabalho eficiente, o professor do IGC/UFMG aponta que a formação, na área de Geografia e Análise Ambiental, exige muito investimento. “Ensino e pesquisa fazem parte de um mesmo processo. Formação significa ampliação de todas as possibilidades relacionadas à produção da comunicação do texto. Nós estamos falando sobre a arte de produzir ciência. Isso parece redundante, porque produzir ciência sempre foi arte. Meio ambiente exige um esforço enorme que não termina na graduação. É um aprendizado para o resto da vida, porque trabalhamos com ambientes interpenetrantes; com mundos, aparentemente, estranhos, que têm de ser incorporados, gradativamente, com muito esforço”, reforça.

Por estar em um processo de constante aprendizado, Cássio Hissa garante que, quando o professor entra na sala de aula, não vai ensinar nada e, sim, trocar idéias sobre os textos que leu. “Se não há troca, é porque não houve leitura, e, consequentemente, não há a menor chance de se competir no mercado.”

Sendo assim, o Dr. Hissa não consegue dissociar o professor do pesquisador. “O pesquisador puro não existe. E o contrário também é verdade. A pesquisa é necessária para se fazer comunicar e para que, a partir dela, sejam viáveis alternativas de intervenção no mundo. Quando um professor entra na sala para dar uma aula sobre determinado tema que está no cronograma do curso, muitas coisas podem acontecer. O improviso caminha junto com o imprevisto. No ambiente do saber científico, racional, falar de improviso pode parecer pejorativo. Mas são poucos os que dão conta de improvisar alguma coisa. Só improvisa que tem o domínio da matéria”, avalia.

A formação de educadores e a Geografia escolar diante das mudanças nas LDB

A professora e doutora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (FAE/UFMG) Rosalina Batista Braga abordou as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica. Coordenadora em nível nacional da Comissão de Ensino da Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB), ela discutiu as Resoluções CNE/CP nos 1 e 2, de 18 e 19 de fevereiro de 2002. Ambas instituem a duração e a carga horária dos curso de licenciatura, de graduação plena e de formação de professores da Educação Básica em nível superior.

Segundo Rosalina Batista, havia uma tradição, no caso da legislação brasileira, de associar a formação de professores à de bacharéis ligados às formações específicas. “Nesse esquema, com processos diferenciados de titulação, tínhamos a formação do bacharel e do licenciado, em esquema que era ou de reopção para uma nova titulação, ou de continuidade de estudo, como ocorre há alguns anos na UFMG. Assim, as pessoas, prestando vestibular para Geografia, por exemplo, tinham chance de fazer as duas habilitações”, conta Rosalina Batista.

A formação para o professor, até então, era específica, e abrangia o campo pedagógico. Na formação profissional geral, estão os fundamentos do processo educativo (a filosofia e a sociologia da educação, a didática geral, etc.). “A formação profissional específica diz respeito às habilidades docentes, especialmente ao que se refere às práticas de ensino. Essa, que já é tradicional no Brasil, foi questionada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE).”

A professora conta que há um certo consenso, mundialmente difundido, que diz que os cursos de formação docente não preparam profissionais para a educação básica. Segundo ela, as graduações apenas realizam a formação nas universidades, introduzindo o estudante no campo da docência, de maneira genérica: “Além de ser pouco competente, no sentido de propiciar àquele estudante uma formação mínima que o aproxime do fazer pedagógico e da prática docente, com habilidades e competências para realizar essa tarefa”, enfatiza.

Apesar disso, ela admite que nenhuma graduação forma profissionais de maneira definitiva, pois a aprendizagem, ligada à experiência prática, é insubstituível, em qualquer curso. “É aquele quadro no qual os alunos, quando vão para docência descobrem que não sabem ministrar aulas. Esse contexto, de certa forma, resulta do fato de o aluno não ter conhecimento da prática. São saberes que a universidade não tem como passar porque são consumidos no fazer.”

Outro elemento preocupante para Rosalina Batista é o fato de as instituições de ensino não formarem profissionais para construir uma competência para docência. “Falo de uma história da formação da docência no Brasil, em que se constata, sem nenhuma dúvida, precariedade. Não seria melhorando uma disciplina ou outra que essa questão seria corrigida. O CNE percebeu que era necessário uma mudança de concepção de formação docente. Nesse sentido, a proposta, que foi aprovada em fevereiro, coloca questões absolutamente novas no panorama de ensino.”

O profissional geógrafo: possibilidades de atuação


Esse foi o tema de uma das discussões do seminário. O geógrafo Jackson Cleiton Ferreira Campos, um dos participantes da mesa organizada para debater o assunto, destacou que as Resoluções CNE/CP no 1 e 2, de 18 e 19 de fevereiro de 2002 tornam claro o mercado de atuação do geógrafo, anteriormente desconhecido.

Em sua exposição, ele citou meio ambiente, educação e turismo como áreas de exercício para o profissional. “Com a ascensão da problemática social, desvinculou-se um pouco a geografia das questões urbanas. Temos de perceber que a área ambiental está em franca expansão, já tendo chegado às cidades de médio porte.” O geógrafo enfatizou a necessidade se entender um pouco das áreas que estão agregadas ao conhecimento geográfico para que o profissional transforme-se em um agente de síntese.

Concordando com Jackson Campos, o Dr. Cássio Hissa disse haver várias áreas de conhecimento que se interpenetram com o objetivo de produzir informação, a fim de transformar para melhor os espaços que são produzidos e ocupados pela sociedade de um modo geral. Antes mesmo das diversas regulamentações, inclusive aquela que deu ao geógrafo a condição de profissional subordinado ao Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA), já havia um mercado de para o geógrafo, no sentido de planejar o território para minimizar os impactos causados pela raça humana”, ilustra Cássio Hissa.

Conforme Cássio Hissa, há um termo de referência, utilizado por quem trabalha com consultoria na área geográfica, que separa o mundo da economia, da cultura, da sociedade, daquele chamado de meio ambiente. Ele acha o fato um pouco estranho: “é muito difícil pensar em meio ambiente sem pensar em sociedade. O geógrafo vai ter de conviver com profissionais de todas as áreas, porque produzirá informação de natureza ambiental, que tem a finalidade de minimizar impactos decorrentes da ocupação humana e da atividade econômica”, analisa.

A professora do curso de Geografia e Análise Ambiental do UNI-BH Míriam Rezende Bueno, também integrante da mesa, abordou a licenciatura. Segundo ela, existe uma concepção na educação da proletarização do professor e da formação para o magistério. Com isso, há a fragmentação da atuação nos estabelecimentos de ensino. “Parece que isso construiu-se com uma cultura, difícil de ser arrancada do aluno. Chegou na escola, na formação desse professor e também na instituição acadêmica. A escola incumbiu-se, ainda, de fazer muito melhor isso quando divide tarefas de forma sistemática.”

A partir de meados da década de 80, a professora notou mudanças, vindas com a globalização. “O processo traz uma série de modificações em que, ao mesmo tempo em que há fragmentação, existe uma tentativa de ajuntamento. Para a escola, o chamado enfoque globalizador é novidade. Traduzido para o interior da instituição de ensio, trata-se de uma nova organização do trabalho, que tenta uma interação em tempo integral. Hoje o aluno é sujeito e o professor ainda não está preparado para trabalhar com isso. A avaliação não é mais estática, rígida, e, sim, processual”, conclui.

Geografia também pode contar história

Um momento, a um só tempo lúdico e didático, foi propiciado pelo V Ciclo de Palestra do Curso de Geografia e Análise Ambiental. Protagonizado pela professora da Escola Municipal Tancredo Phídeas Guimarães Maria Edite Marins Rodrigues, a exposição enfatizou a importância da construção de histórias para despertar a atenção dos alunos. “Trata-se de um caminho alternativo, principalmente para o aprendizado de crianças carentes, em escolas públicas, creches ou orfanatos”, destaca a professora.

Essa construção, criada por Maria Edite Martins, destina-se a promover a interação entre várias áreas do ensino. “Pesquiso e, na sala, mostro duas alternativas de ensino-aprendizagem. Ambas propostas baseiam-se em um joguinho do encantamento, pois as crianças com as quais trabalho, por ter uma vida difícil, na maioria das vezes, não se seduzem com muita coisa”, esclarece. Em sua exposição, a professora demonstrou como é possível utilizar-se de músicas infantis e marionetes, criadas pelos próprios professores, para levar ensino às crianças.

Geógrafo: um mercado de trabalho em expansão

Pluralizar vozes. Esse foi objetivo do V Ciclo de Palestras de Geografia e de Análise Ambiental, na concepção do professor Rodrigo Teixeira, articulador do curso. A inserção do geógrafo nos órgãos públicos e nas redes de ensino municipal, estadual e particular foram algumas das temáticas, que permearam as discussões durante o evento.

Segundo Lúcia Maria Gonçalves Salgado, diretora do Instituto de Geociências Aplicadas (IGA), a preparação do profissional para o mercado de trabalho deve ser contínua. Assim, o embasamento teórico e concepção prática dessas habilidades devem estar em sintonia, para que haja equilíbrio entre os pólos.

Neste universo em que o mercado de trabalho está cada vez mais competitivo, a geógrafa Ceres Virgínia Rennó Moreira do Centro de Tecnologia do Estado de Minas Gerais (Cetec) defende que cada profissional deve buscar um diferencial, que o destaque no seu nicho mercadológico. Isso pode ser conquistado, argumenta ela, investindo-se em cursos de pós-graduação – especialização, mestrado ou doutorado. Na sua concepção, os profissionais bem-preparados são menos atingidos diante dos processos de automação implantados nas empresas, pois delimitam seu espaço ao agregar valor. Ela argumenta que mesmo diante desse panorama é necessário ter uma visão otimista, apesar dos índices crescentes de desemprego no País.

Diante desse panorama, Marcelo Rezende Souza da ITER aponta como condição primordial para a prática diária ter uma postura crítica diante da realidade apresentada. Outro ponto fundamental, mencionado por ele, é gostar do que faz. Quando o dia-a-dia no trabalho é prazeroso, os resultados tanto para o funcionário quanto para o empregador são mais promissores, constata.

Atuação - A escola tem um papel fundamental na formação de todo o cidadão. Atento à essa responsabilidade, as comissões organizadora e de apoio do evento escolheram como pauta da mesa redonda “a atuação do professor de Geografia em diferentes redes de ensino”. Na ocasião, os convidados falaram das dificuldades que enfrentam para prosseguir na tarefa de ensinar e suas perspectivas sobre o papel do geógrafo na sociedade contemporânea.

Conforme Rosemary Vitalina, docente da Escola Estadual Professor Carlos Lúcio de Assis, os professores devem estimular as habilidades artísticas dos alunos, para que suas inteligências múltiplas sejam desenvolvidas. "Hoje, vive-se a era da informática, mas os computadores não possuem criatividade, assim, cada indivíduo tem papel fundamental nesse processo, contesta ela", enfatiza.

Jusiana Senra Benjamim, que leciona na Escola Municipal Henriqueta Lisboa, busca, diariamente, formas alternativas para trabalhar. Prova disso foi a realização da gincana Econsciência Social – trabalho, consumismo, saúde e ética, que teve como objetivo propiciar aos alunos analisar as formas de interferência humana nas águas do planeta. "Por intermédio de estudos de textos, da confecção de cartazes, de murais e de oficinas os alunos do ensino fundamental puderam sistematizar conhecimentos e desenvolver referências para entender as relações entre ambiente, saúde, trabalho, consumo e cidadania. Como as deficiências estruturais são muitas, o diálogo e a troca de experiências, neste universo, foram ferramentas primordiais", ressalta.

Justiça Federal organiza primeira exposição de livros

Júnia Leticia

A I Exposição de Livros, realizada na Justiça Federal de Minas Gerais, atraiu a atenção de universitários, profissionais do Direito, livrarias e demais interessados na área. Organizada pela bibliotecária o órgão, Cleuza Maria Bento, a exposição teve a participação de seis livrarias.

A idéia de se expor os livros na Justiça Federal partiu dos juizes, como conta a bibliotecária: “O Diretor do Foro da Justiça Federal, Seção Judiciária Minas Gerais, Dr. Weliton Militão, pediu organizássemos essa exposição para mostrar algumas novidades sobre a área jurídica.” A princípio o evento reuniria somente obras jurídicas, mas outras publicações foram expostas, atendendo ao interesse dos funcionários da Justiça Federal.

O Dr. Weliton Militão ressalta que a exposição é importante pois oferece a oportunidade às livrarias de mostrar as novas publicações para que os juizes e os funcionários estejam a par dos lançamentos: “Inclusive, temos muitos funcionários que são estudantes. Estamos, também, abrindo a Justiça Federal a pesquisa de universitários, pois eles precisam não só dos livros de um modo geral, mas também conhecer os trâmites do órgão É uma forma de manter um intercâmbio maior entre a Justiça Federal e a sociedade.”

Outro motivo para a exposição foi a atualização do acervo bibliotecário: “Temos procurado aumentar o acervo, mas sempre há uma carência natural com relação ao número de livros aqui existente. Essa forma de integração entre mundos diversos com o jurídico é uma maneira de fazer essa atualização”, conta o Diretor do Foro.

RP comemora premiações

Lançamento oficial do newsletter do curso, entrega de certificados aos alunos premiados no 9o Expocom e entrega do prêmio Jovens de Sucesso marcaram encerramento de semestre de Relações Públicas

Júnia Leticia

Uma banca composta por onze jurados dos cursos de Produção Editorial, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas foi a responsável pela seleção dos três finalistas ao concurso para eleger o nome do newsletter do curso de RP. Em terceiro lugar ficou o Interligados, em segundo RP Online e em primeiro Intermídia.

Participaram do concurso 25 alunos do turno da manhã e 25 da noite, todos do 4o período. Os trabalhos fizeram parte da disciplina Produção de Textos para Mídia Impressa e Eletrônica. “Essa é a edição de lançamento, número 0, do newsletter online”, esclareceu a professora Virgínia Palmerston.

A vencedora com Intermídia, Musa Menezes, ganhou um DVD. Segundo ela, a idéia veio de repente, no último dia de inscrição: “Eu quis falar dos processos das novas mídias e me veio o nome. Fiquei muito feliz em participar, pela primeira vez, e ganhar. É um incentivo a outras participações e é sempre bom ser reconhecida por seu trabalho.”

Além do newsletter, a cerimônia foi marcada pela entrega de certificados aos alunos que produziram, no primeiro semestre do ano passado, o jornal Interfaces, que ficou em segundo lugar na categoria Relações Públicas, modalidade house organ, no 9o Expocom. Na ocasião, o aluno do 4o período David Braga recebeu, ainda, o troféu concedido pelo colunista Eustáquio Félix, de Itabira. O prêmio foi um reconhecimento pelo seu destaque no mercado de trabalho na área de Relações Públicas.

A Diretora do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas (DCSA), professora Sueli Baliza, acredita que o lançamento de mais um veículo de RP representa um incentivo: “Na verdade, é oferecer à Comunicação a visibilidade que ela merece. Essa é parte da nossa profissão. É um trabalho que mais uma vez vai nos distinguir perante a comunidade acadêmica. Já a entrega do prêmio Expocom representa a nossa missão dentro do UNI-BH, reflete o que nós propagamos: a relação entre a teoria e a prática. Os alunos que foram premiados, entre tantos outros concorrentes, realmente merecem ser reverenciados por todos nós.”

Associados recebem alunos do UNI-BH

Universitários assistem a uma aula de diagramação no Parque Gráfico do Estado de Minas e do Diário da Tarde

Júnia Leticia

Antes do início do semestre letivo, é agendada uma aula no Parque Gráfico dos Associados para as turmas de Jornalismo, Relações Públicas e Produção Editorial. A professora Maria Lídice Gonçalves é quem ministra a disciplina Planejamento Gráfico, que aborda a diagramação. Segundo a professora, a visita é realizada um vez a cada semestre e o que os universitários aprendem no Parque Gráfico é muito interessante porque consolida o que eles lêem nos livros indicados pela disciplina, também no início do semestre. “Durante as aulas, praticamos a diagramação. Lá eles vêem a diagramação e a finalização do produto”, esclarece.

Coube à Coordenadora Pedagógica do Estado de Minas, Maria Amélia Barros, guiar os universitários pelo Parque Gráfico. Porém, antes da visita, Maria Amélia proferiu uma pequena palestra na qual foi explicado todo o processo de elaboração de um jornal. Ela explicou que o jornal é impresso no fotolito. Para fazer os jornais, o pessoal do Parque Gráfico começa os trabalhos na manhã do dia anterior. “Os jornalistas chegam na empresa por volta das 9 horas da manhã, e a tarefa dele, durante todo o dia, é garimpar informações.”

Maria Amélia contou que os jornalista trabalham somente com o editor de texto. “Temos um laboratório de revelação de fotografia e temos um pessoal que trabalha com as imagens no computador, faz as infografias (desenhos, gravuras, gráficos), normalmente feitas no CorelDraw. Há, também, os que fazem os quadrinhos e as charges, como o Son Salvador e o Oldack Esteves. Esse material é escaneado”, esclarece. Por volta das 14 horas, a Coordenadora Pedagógica diz que já há material no computador de texto e imagem. A partir de então, os diagramadores começam a trabalhar.

Algumas páginas, tanto do Estado de Minas quanto do Diário da Tarde, são padronizadas. Portanto, o diagramador não tem nem como criar nesses espaços. “Na última página do caderno de cultura, por exemplo, há uma crônica literária e a outra metade da página possui um anúncio, uma entrevista ou um outro artigo. Outras páginas são mais livres; não têm colunas determinadas. Aí é o editor quem fornece as linhas gerais para o trabalho de diagramação.”

Logo que o editor acaba de fazer a página no computador, ele manda imprimir, ou seja, dá saída nas imagens para um impressora. “Quando a página já está pronta no computador, damos saída nas imagem para outras máquinas que imprimem no fotolito. Nele, os espaços que estiverem claros receberão tinta na impressora. Quanto mais transparente estiver a imagem no fotolito, mais tinta o espaço irá receber.”

No processo de impressão, além do preto, são utilizadas as três cores primárias: o magenta (vermelho), o ciano (azul) e o amarelo. Para a página em preto e branco, é feito um fotolito. Nele, tudo o que estiver claro, recebe tinta preta. Quando a página é colorida, para cada cor é necessário um fotolito diferente. Ou seja, para cada página colorida haverá quatro fotolitos, um para cada cor de imagem. Em todas elas, da mesma forma, o espaço transparente receberá a cor, dependendo da intensidade da transparência.

“Lá pelas cinco horas da tarde, já temos fotolitos ficando prontos. Como trata-se de uma indústria gráfica, fazemos o fotolito virar papel”, conta Maria Amélia. Quando o material chega ao Parque Gráfico, a primeira coisa a ser feita é transferir as imagens do fotolito para uma chapa de alumínio, semelhante àquela da latinha de refrigerante. Quando a chapa está nova, ela vem toda coberta com uma tinta que possui propriedades fotográficas, ou seja, não pode ser exposta à luz branca. “Os funcionários pegam essa chapa, colocam em uma máquina em que cabem as duas páginas que são casadas. Essas páginas, na hora da impressão, vão ficar duas a duas: a primeira com a última, a segunda com a penúltima e assim por diante. Na máquina, a chapa, é exposta à luz ultravioleta, o que equivale a tirar uma foto. Onde tiver preto, a luz não passa; mas no local que estiver vazado, ela vai atravessar e marcar a chapa. Desse jeito, transferimos a imagem do fotolito. A luz vai atravessar com tanta intensidade quanto for a transparência que está aqui no fotolito.”

Pronta a matriz, ela é levada para rodar o jornal no papel. “A impressora é uma máquina enorme, que pode ser montada em módulo e aumentada. Do jeito que a nossa máquina está aqui hoje, ela tem quatro saídas, que nós chamamos de ‘bocas’. São quatro possibilidades diferentes de impressão”, aponta. Deste modo, é possível imprimir, simultaneamente, os cadernos de Cultura, Turismo e Informática, por exemplo. Só que dificilmente são usadas as quatro “bocas” ao mesmo tempo. “Normalmente trabalhamos com uma ou duas porque se alguma delas estragar, temos como rodar o jornal sem atraso nas outras.”

No primeiro andar da máquina, são colocados o papel e a tinta. O papel é adaptado à máquina quando ela está ligada e vai ser desenrolado para cima. No segundo andar, há um sistema de cilindros que trabalham sempre de dois a dois. Em um deles, a chapa é presa. “Como ela ocupa metade do perímetro do cilindro, temos de fazer uma outra chapa igual para colocar na metade restante. Por isso, na verdade, para cada página colorida não são quatro chapas, e, sim, oito. Quando o cilindro gira, atrás dele há tinta que ‘suja’ as imagens. No momento em que um cilindro gira sobre o outro, esse outro é recoberto por uma borracha (blanqueta). As imagens da chapa transferem-se para a blanqueta e o papel que sai passa por trás dessa borracha.”

Logo que a blanqueta gira, imprime o papel. Quando a chapa imprime a blanqueta, as imagens ficam espelhadas. Entretanto, no momento em que a blanqueta imprime no papel, as imagens são espelhadas outra vez, fazendo com que seja possível a leitura. “Esse é que o sistema off-set ou sistema de impressão indireto, no qual a matriz não encosta no meio de impressão final, que é o papel.”

Sendo assim, Maria Amélia resumiu o processo da seguinte forma: o papel sai do primeiro andar, recebe uma impressão em preto, sobe mais um pouco, passa em um outro cilindro e recebe impressão da mesma página em azul. “Por isso que essa chapa tem de estar muito presa, porque se a chapa sair do lugar, nem que seja bem pouquinho, vai dar aquela impressão de fantasma.” Logo depois, a máquina encarta, coloca as folhas uma dentro da outra. Depois de encartado, o jornal é cortado e dobrado. “No final da boca, sai aquele monte de caderno igualzinho. Uma esteira rolante leva esses cadernos para uma máquina que os conta e faz o pacote e depois para uma outra que amarra os jornais em pacotes. O primeiro caderno rodado é o de Cultura (cujos assuntos permanecem atuais durante a semana) e o último o Primeiro Caderno. Quando for ali pelas 23h30, meia noite, esse jornal, que começamos a fazer de manhã, começar a ficar pronto e nós temos a madrugada para mandá-los para as bancas e para os assinantes.”

O trabalho de reconhecimento do jornalismo como um todo é de fundamental importância, como avalia Maria Amélia Barros. “Acho muito interessante para quem está se formando na área de Comunicação, Jornalismo, especificamente, porque muitos dos meus colegas não possuem uma visão global da empresa. Acho que está é uma maneira de chamar a atenção para a responsabilidade social do trabalho do jornalista. É muito interessante que as pessoas tenham uma visão global do processo e que entendam tudo o que está envolvido para se fazer um jornal. Acho que é uma maneira de se valorizar o produto.”

Apesar do pouco tempo em que ficaram no Parque Gráfico dos Associados, os universitários puderam conhecer o processo de impressão dos jornais. Para a estudante do 4o período (noite) de Produção Editorial, Cátia Lima, seria necessário que o processo de impressão fosse mais detalhado: “o processo de impressão requer mais detalhes de como é o fotolito. Além disso, visita poderia ter um número menor de pessoas, tentar marcar um horário para pegar o início da transferência do fotolito, quando ele é colocado nas máquinas.”

Já a universitária do 3o período (noite) de Relações Públicas, Lisandra Ribeiro, “a visita ajuda a ter uma idéia de como se faz um jornal, já que nosso curso também é de Comunicação.” Marcelo Seabra, universitário do 3o período de Jornalismo diz que infelizmente o aspecto mais interessante que é o de ver as máquinas trabalhando não pode ser observado, devido um problema técnico. “Mas valeu a pena conhecer a estrutura de um grande jornal”, avaliou.

Várias formas de se abordar a natureza

Artistas plásticos retratam o meio ambiente em suas mais variadas configurações e possibilidades

Júnia Leticia

Neste ano, em que é realizada em Johannesburgo (África do Sul) a Rio+10 – Conferência da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável –, artistas plásticos mostram que a conscientização ambiental já faz parte de seus trabalhos. Ricardo Assis, Hebert Dias de Oliveira e Miguel Gomez Martin: cada um, a seu modo, tiram da natureza a motivação e as matérias-primas para suas obras, de forma sustentável.

Mais conhecido como Stu, o produtor de eventos de música eletrônica Ricardo Assis trabalha a fibra natural, obtida do tronco da bananeira, como base para seus trabalhos. Para se transformar em tela, a fibra de banana e o bagaço de cana são processados artesanalmente pelo artista. Stu corta o tronco da fruta, depois que já saíram os cachos. Então, ele tira o miolo, pica em pedaços bem pequenos, leva para cozinhar de seis a oito horas e deixa esfriar de um dia para o outro, na mesma água em que o miolo foi cozido. No dia seguinte, a fibra, após ser amassada com as mãos e estendida sobre um tecido resistente, se transforma na tela.

Stu também utiliza o bagaço de cana em suas obras: “quando quero fazer uma tela mais ‘grosseira’, uso a cana. Corto o vegetal, da mesma forma que cortei a banana, e coloco para cozinhar, três horas depois que o tronco da fruto já estiver no fogo”, explica. Autodidata, na pintura, o artista utiliza tinta acrílica, privilegiando as formas abstratas e a naturezas mortas. Sem misturar água, Stu joga a tinta direto na tela. Por ser um trabalho natural, para finalizar, ele aplica selador e verniz nitrocelulose, para preservar a fibra.

Já Hebert Dias de Oliveira, o Tico, utiliza-se do jornal para desenvolver sua arte. De quadros a peças do vestuário, passando por móveis e utilidades domésticas, Tico faz do que muitos jogam fora a matéria-prima de suas obras. Vendedor de coco na orla da Lagoa da Pampulha, o artista teve seu trabalho descoberto pelo já falecido jornalista Wilson Frade.

Também autodidata, Tico começou a desenvolver seu trabalho para ajudar no orçamento doméstico. “Como possuo uma boa visão da Igrejinha da Pampulha, desenhei-a e comecei a trabalhar com o papel jornal. Ao lado de onde trabalho, morava o jornalista Wilson Frade, que, quando recebeu meu quadro de presente, elogiou-me em sua coluna. Fiquei meio desorientado com aquilo, porque o que eu fazia era uma coisa tão simples... Aí percebi que tinha possibilidade de melhorar alguma coisa e aprimorei meus trabalhos”, conta.

Apoiado por outros artistas, como Yara Tupynambá e Manoel Serpa, Tico conta que, apesar de vender poucas obras, seu trabalho está tendo boa aceitação. Graças a isso, ele conseguiu um patrocínio para a realização de mais obras, só que o projeto que apresentou na Secretaria Estadual de Cultura foi reprovado. “Agora, minha esperança maior é que eu ganhe um patrocínio simples, para ter material de trabalho. Porque a partir daí vou poder desenvolver com mais rapidez e clareza minhas obras”, ressalta.

Diferentemente de Tico e Stu, o Padre Miguel Gomez Martin retrata a natureza da forma que ela lhe vem pelo inconsciente. “Muitas pessoas falam que encontram em minhas obras uma dimensão de paz. Não sei. Procuro, logicamente, ir ao encontro daquilo que sinto e vejo. Em minhas telas, há muitas paisagens e céus. Por isso, a religiosidade está presente em meu trabalho, pois Deus está na natureza”, reflete.

Segundo Miguel Gomez, os céus são pintados por ele de uma forma não acadêmica, não realista, pois possuem sua interpretação. “Por isso, pode haver um céu pegando fogo, porque tudo depende do que estou sentindo, de uma forma inconsciente. Procuro não ser reflexivo no trabalho, porque sou perfeccionista. Pinto mais como uma forma de me expressar. Porque do contrário, nunca terminaria um quadro”, avalia.

Ambulatório de Nutrição amplia atendimento

Júnia Leticia

Com o objetivo de expandir o atendimento aos universitários e funcionários do UNI-BH, bem como à população que procura o Ambulatório de Nutrição, o serviço, que antes era prestado às segundas e terças-feiras, agora é diário. De segunda a sexta-feira, das 8h às 21h30, oito universitários do 8o período do curso, sob a coordenação da professora Sônia Maria de Figueiredo, revezam-se no atendimento aos interessados em reeducar sua alimentação e fazer uma avaliação nutricional gratuitamente.

De acordo com a professora Sônia Figueiredo, uma reunião com o colegiado de Nutrição viabilizou um local para os universitários trabalharem a prática ambulatorial no UNI-BH. “Vimos que precisa haver uma reeducação dos próprios alunos aqui na Instituição, já que muitos alimentam-se de hambúrgueres, balas e pirulitos. A maior dificuldade que percebemos, não só entre o público universitário como na comunidade em geral, é a inclusão de saladas e frutas no cardápio diário. Além disso, as pessoas geralmente fazem poucas refeições por dia, no máximo duas ou três, concentradas em um só horário”, observa a professora.

Na primeira consulta, o paciente é examinado clinicamente, ou seja, visualmente. Se possuir, deve levar à consulta exames bioquímicos recentes (fezes, urina, sangue). “O paciente também detalha como é sua alimentação. A pessoa já sai da primeira visita com a próxima agendada, que ocorre, geralmente, após um mês. Mas há casos especiais, como o diabetes, em que o retorno pode ocorrer de 15 em 15 dias”, conta a professora.

O encaminhamento ao Ambulatório é feito pelos próprios universitários e professores do curso ou por pacientes em tratamento, que indicam a outras pessoas. Professores e universitários de outras graduações, como Fisioterapia e Engenharia de Alimentos, também indicam pacientes com obesidade e diabetes, por exemplo, para tratamento no Ambulatório de Nutrição.

Com a implantação do Ambulatório, a professora Sônia Figueiredo conta que os alunos ficaram mais motivados: “Trazemos a prática da nossa vivência fora daqui para eles. No Ambulatório, eles não estão tratando a enfermidade, o diabetes, mas sim uma pessoa que tem o diabetes. Então, muda completamente, porque os parâmetros são diferentes em relação ao livro. Eles aprendem, ainda, a delimitar o problema e o encaminhar ao profissional responsável, caso não seja da alçada da Nutrição.” Além disso, há a humanização do trabalho paciente-nutricionista, uma vez que a professora mantém contato com o paciente mesmo quando seu caso requer cuidados de profissionais de outras áreas.

Para a estagiária Renata Monteiro Abreu Braga, a experiência está sendo muito proveitosa, já que atendem a uma variedade de pessoas muito grande, tanto quanto à patologia como quanto à idade: “Ao contrário do que vemos nos livros, aqui temos todas as patologias juntas. Às vezes a pessoa não tem só diabetes. Por isso, não vemos cada um separadamente, como na teoria. Cada caso é um caso. É gratificante.”

Pela primeira vez no Ambulatório, a paciente Rosana do Amparo Nunes de Souza tomou conhecimento do serviço nutricional por meio de uma conhecida. Moradora do bairro Cachoeirinha, Rosana Souza busca tratamento para si e para o filho de 13 anos que, segundo ela, está acima do peso: “Tomo um remédio que faz com que meu corpo inche e, após uma cirurgia, engordei demais. Quero ver se há solução para o meu caso.”

Conselho Curador da Fundac-BH apresenta-se aos funcionários

Júnia Leticia

Para dar conhecimento das mudanças ocorridas na gestão do UNI-BH com o falecimento do professor Ney Soares, foi realizada uma reunião com todos os funcionários da Instituição no campus Diamantina. Os professores Francisco Mercêdo Moreira (Reitor), Manoel de Souza Barbosa (Vice-Reitor), Ronald Braga (Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão), Walkíria Gonçalves Andrade (Pró-Reitora de Graduação), José Lopes Gerken (Presidente da Fundac-BH), José Eloi Pongelupe (Vice-Presidente), Diorgen de Oliveira (2o Vice-Presidente) e Renato Assumpção (Conselheiro) esclareceram sobre as novas diretrizes adotadas pelo Centro Universitário de Belo Horizonte.

O Professor Francisco Mercêdo ressaltou que, com a nova gestão, os estatutos internos, que foram elaborados há quase 40 anos, serão seguidos rigorosamente. “A Fundação Cultural de Belo Horizonte (Fundac-BH), mantenedora da instituição, não possui donos. Há, na verdade, uma comunidade que escolhe um grupo para que este leve avante uma atividade pensada pelo grupo inicial que é, fundamentalmente, educacional. O que é acadêmico terá precedência sobre tudo”, esclareceu o Reitor. Sob essa perspectiva, o professor afirma que, na realidade, não haverá mudanças, uma vez que será retomada a responsabilidade de educar.

Com a nova gestão, não há influência nenhuma do Reitor em nada, como afirma o Professor Mercêdo, já que os diretores sabem o que devem fazer, de acordo com o estatuto. “Quero respeitar a todos e quero que todos me respeitem porque o nosso objetivo é a instituição e não as pessoas. Não haverá mais na casa nenhuma precedência relativamente aos interesses escolares e acadêmicos. O aluno é a peça-chave, dos nossos esforços.”

O Professor Jary Gerken reforçou que todos devem esforçar-se para construir o que está sendo pautado. Ele contou que não é a primeira vez que a Instituição passa por dificuldades, posteriormente vencidas: “Estamos em uma situação bem complicada na parte financeira. Mas resta a base moral no conselho curador, que, quando existe, é capaz de superar todos os problemas. Tomamos a atitude de governar em colegiado para evitar outros problemas para que pudéssemos ter a liberdade para olhar o que está acontecendo no dia-a-dia do UNI-BH, o que muitas vezes nos foi negado.”

Assumindo a vice-presidência, ligada a assuntos de tesouraria, o Professor Diorgen de Oliveira contou que não é a primeira vez que o conselho assume os destinos da instituição em uma situação semelhante: “No princípio da década de 90, a antiga Fafi-BH encontrava-se em uma posição similar. Naquela época, conseguimos superar, quando as dificuldades eram proporcionalmente maiores.”

Com a transformação de Faculdade em Centro Universitário, foi necessária a contratação de mais pessoal. Dos 180 funcionários em 1998 a instituição passou a ter 1.400. “Se cada uma dessas pessoas tiver dois parentes dependentes, estaremos gerindo uma instituição que envolve cerca de 50 mil pessoas. É uma tremenda responsabilidade, por isso, não temos o direito de fracassar e não vamos fracassar. Estamos decididamente unidos a soerguer essa casa e só tomar deliberações em grupo, porque seis pensam e decidem melhor que um”, acredita o Professor Diorgen de Oliveira.

A eliminação do personalismo e do individualismo reinantes na Instituição será a primeira medida a ser tomada, de acordo com o Professor Diorgen de Oliveira: “Os funcionários são prioridade absoluta, porque vencimento é coisa que não se adia. Não há como adiar o armazém, o transporte e a escola do seu filho.” Essa é uma das razões pelas quais o conselho várias vezes foi contra a implantação do sonho do Professor Ney Soares de implantar o curso de Medicina.

Quanto às bolsas aos funcionários, o Professor Diorgen de Oliveira esclareceu que, por força de convenção, as instituições de ensino e os sindicatos são obrigados a fornecer uma parcela delas. “Mas os sindicatos – dos Professores e dos Funcionários em Estabelecimento de Ensino – nunca concedem bolsa integral, exatamente para pode atender a uma faixa maior de filiados. Além dessa bolsa, a Fundação fornecia até 40% de desconto sobre as mensalidades. Sendo assim, dependendo do tamanho do benefício, dificilmente um funcionário pagava mais de 20% do valor da mensalidade. Uma boa parte não pagava nada, porque havia aqueles que procuravam o Professor Ney Soares e ele concedia até 20% sobre o valor, isentando o aluno.”

Os critérios para concessões de bolsa serão modificados. Sendo assim, todos os funcionários terão de se recadastrar para utilizar o benefício: “Se concedermos bolsa a quem não se enquadre dentro dos parâmetros do Ministério da Assistência e Promoção Social podemos perder a filantropia. Atualmente estamos sendo auditados, porque nenhuma das bolsas que resultaram nos 6,8 milhões de reais se enquadra no programa social.”

O crescimento além das possibilidades da instituição também foi salientado pelo Professor Renato Assumpção: “Enquanto não consolidarmos o que temos, não vamos nos aventurar a abrir novos cursos, porque não há nenhuma possibilidade de crescimento sério e responsável, sem consolidação. A valorização do capital humano que temos também é um pensamento firme de todos nós.”

Um dos objetivos da valorização profissional é a concretização, conforme o Professor Ronald Braga, da realização do sonho dos fundadores de um transformar a Instituição em universidade. “A iniciação científica, que atinge 120 alunos, não é um programa muito caro, mas pode ser que tenha de esperar algum tempo. Mas é o projeto que prepara professores cientistas e mestres para a universidade.”

UNI-BH leva diversão a Rio Acima

Programa voluntário desenvolvido pelo Centro Universitário de Belo Horizonte promove interação entre a comunidade e os universitários

Júnia Leticia


O projeto Visitando a Comunidade, desenvolvido pelo UNI-BH, faz parte do Programa Pró-Voluntariado Social do Centro Universitário de Belo Horizonte. O programa já possui uma série de trabalhos desenvolvidos com comunidades carentes, tais como cursos pré-universitários e aulas de idiomas. O trabalho em Rio Acima foi uma parceria do UNI-BH com a Prefeitura Municipal de Rio Acima, por intermédio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente da cidade. A parceria, iniciada por Rio Acima, pode estender-se a outros municípios da Região Metropolitana e a bairros carentes de Belo Horizonte.

Os trabalhos, desenvolvidos na Escola Municipal Terezinha da Silva Cosenza, foram divididos em cinco áreas: preservação ambiental, cultural, turística, educacional e de saúde. Os universitários – dos cursos de História, Pedagogia, Matemática, Geografia, Fisioterapia, Produção Editorial e Engenharia de Alimentos, escolhidos de acordo com as prioridades para atender as necessidades da comunidade – promoveram atividades recreativas, como vôlei, peteca, futebol, corrida de saco e boliche. Também foram ministradas oficinas sobre meio ambiente, reciclagem de papel, alimentação alternativa, saúde da mulher, dentre outras. De acordo com o Coordenador da Coordenadoria de Atividades Sociais e Estágio Empresarial do UNI-BH, professor Helbert Silva, “a proposta foi fazer um trabalho interativo, que despertasse nas pessoas seus potenciais e também contribuísse para melhorar a qualidade de vida e o desenvolvimento social da localidade.”

Para desenvolver o trabalho na comunidade, a equipe da Coordenadoria de Atividades Sociais e Estágio Empresarial visitou Rio Acima por diversas vezes, como conta o Coordenador do setor: “Conversamos com os Secretários Municipal de Educação e de Meio Ambiente e estivemos com o Prefeito, também. Fomos eu, a assistente social Rejane Lana, o professor Ricardo Carneiro Pires e a arquiteta Luciana Fernandes Aguiar. Visitamos todo o território e fizemos contato com várias entidades no município. Conversando com os Secretários, optamos por desenvolver algo que atendesse os jovens, as crianças e os adultos, dentro de um trabalho menor, que deverá ser ampliado no decorrer da parceria que firmamos. Os alunos foram escolhidos com base nesse levantamento prévio.”

A proposta inicial era de que fosse firmado um convênio entre o UNI-BH e a Prefeitura Municipal de Rio Acima. De acordo com o Secretário Municipal de Meio Ambiente, Carlos Antônio Pereira, como o convênio entre a Prefeitura e o Centro Universitário de Belo Horizonte envolvia a questão financeira, teve de ser submetida ao setor jurídico, que solicitou mais clareza nesse aspecto. “Em princípio, para abrandar o fato, fizemos uma carta de intenção. Ou seja, existe a intenção do Centro Universitário em trabalhar conosco e há a vontade da Prefeitura em também promover a parceria, para, depois, evoluirmos para o convênio”, esclarece o Secretário.

A Secretária Municipal de Educação, Sônia Maria da Silva Wanderley comemorou a parceria: “Educação não se faz sozinho; quanto mais pessoas, melhor. O UNI-BH que é uma instituição que tem se expandido muito e é respeitada. Acho que esta parceria vai trazer um grande crescimento para os profissionais da educação e, principalmente, para os nosso alunos, que são o nosso objetivo maior.”

Para a diretora da Escola Municipal Terezinha da Silva Cosenza, Marília de Souza Pinto, a atividade foi maravilhosa: “Acho esse tipo de trabalho muito enriquecedor para as crianças e elas estão super felizes. Ficaram a semana inteira ansiosas com a visita.” Além dos alunos da escola, seus pais foram convidados Estudantes das Escolas Municipais Padre Osvaldo Carlos Pereira e Profa. Esmeralda Aleixo de Araújo também participaram.

Professora da 2a série da Escola Municipal Terezinha da Silva Cosenza e aluna do 2o período de Pedagogia do UNI-BH, Michelle da Cruz Silva, acredita que a atividade desenvolvida na escola é muito importante para a socialização dos alunos. “É uma oportunidade para que, tanto os alunos, quanto seus pais, adquiram informações novas.”

A experiência de voluntariado foi inédita para alguns universitários, como Elizabeth Alves Machado, que cursa o 3o período de Produção Editorial (noite). “É a primeira vez que estou desenvolvendo esse projeto. Acredito no social, acho que nós podemos fazer alguma coisa. Nunca fui daquelas que colocam a culpa no governo. Eles têm culpa mas nós também somos responsáveis porque os colocamos lá. Não é um trabalho de caridade. Trata-se de passar auto-estima para as pessoas. Mostrar que elas têm potencial e podem desenvolvê-lo com os poucos recursos que possuem”, observa.