Jornal UNI-BH

Thursday, September 29, 2005

Associados recebem alunos do UNI-BH

Universitários assistem a uma aula de diagramação no Parque Gráfico do Estado de Minas e do Diário da Tarde

Júnia Leticia

Antes do início do semestre letivo, é agendada uma aula no Parque Gráfico dos Associados para as turmas de Jornalismo, Relações Públicas e Produção Editorial. A professora Maria Lídice Gonçalves é quem ministra a disciplina Planejamento Gráfico, que aborda a diagramação. Segundo a professora, a visita é realizada um vez a cada semestre e o que os universitários aprendem no Parque Gráfico é muito interessante porque consolida o que eles lêem nos livros indicados pela disciplina, também no início do semestre. “Durante as aulas, praticamos a diagramação. Lá eles vêem a diagramação e a finalização do produto”, esclarece.

Coube à Coordenadora Pedagógica do Estado de Minas, Maria Amélia Barros, guiar os universitários pelo Parque Gráfico. Porém, antes da visita, Maria Amélia proferiu uma pequena palestra na qual foi explicado todo o processo de elaboração de um jornal. Ela explicou que o jornal é impresso no fotolito. Para fazer os jornais, o pessoal do Parque Gráfico começa os trabalhos na manhã do dia anterior. “Os jornalistas chegam na empresa por volta das 9 horas da manhã, e a tarefa dele, durante todo o dia, é garimpar informações.”

Maria Amélia contou que os jornalista trabalham somente com o editor de texto. “Temos um laboratório de revelação de fotografia e temos um pessoal que trabalha com as imagens no computador, faz as infografias (desenhos, gravuras, gráficos), normalmente feitas no CorelDraw. Há, também, os que fazem os quadrinhos e as charges, como o Son Salvador e o Oldack Esteves. Esse material é escaneado”, esclarece. Por volta das 14 horas, a Coordenadora Pedagógica diz que já há material no computador de texto e imagem. A partir de então, os diagramadores começam a trabalhar.

Algumas páginas, tanto do Estado de Minas quanto do Diário da Tarde, são padronizadas. Portanto, o diagramador não tem nem como criar nesses espaços. “Na última página do caderno de cultura, por exemplo, há uma crônica literária e a outra metade da página possui um anúncio, uma entrevista ou um outro artigo. Outras páginas são mais livres; não têm colunas determinadas. Aí é o editor quem fornece as linhas gerais para o trabalho de diagramação.”

Logo que o editor acaba de fazer a página no computador, ele manda imprimir, ou seja, dá saída nas imagens para um impressora. “Quando a página já está pronta no computador, damos saída nas imagem para outras máquinas que imprimem no fotolito. Nele, os espaços que estiverem claros receberão tinta na impressora. Quanto mais transparente estiver a imagem no fotolito, mais tinta o espaço irá receber.”

No processo de impressão, além do preto, são utilizadas as três cores primárias: o magenta (vermelho), o ciano (azul) e o amarelo. Para a página em preto e branco, é feito um fotolito. Nele, tudo o que estiver claro, recebe tinta preta. Quando a página é colorida, para cada cor é necessário um fotolito diferente. Ou seja, para cada página colorida haverá quatro fotolitos, um para cada cor de imagem. Em todas elas, da mesma forma, o espaço transparente receberá a cor, dependendo da intensidade da transparência.

“Lá pelas cinco horas da tarde, já temos fotolitos ficando prontos. Como trata-se de uma indústria gráfica, fazemos o fotolito virar papel”, conta Maria Amélia. Quando o material chega ao Parque Gráfico, a primeira coisa a ser feita é transferir as imagens do fotolito para uma chapa de alumínio, semelhante àquela da latinha de refrigerante. Quando a chapa está nova, ela vem toda coberta com uma tinta que possui propriedades fotográficas, ou seja, não pode ser exposta à luz branca. “Os funcionários pegam essa chapa, colocam em uma máquina em que cabem as duas páginas que são casadas. Essas páginas, na hora da impressão, vão ficar duas a duas: a primeira com a última, a segunda com a penúltima e assim por diante. Na máquina, a chapa, é exposta à luz ultravioleta, o que equivale a tirar uma foto. Onde tiver preto, a luz não passa; mas no local que estiver vazado, ela vai atravessar e marcar a chapa. Desse jeito, transferimos a imagem do fotolito. A luz vai atravessar com tanta intensidade quanto for a transparência que está aqui no fotolito.”

Pronta a matriz, ela é levada para rodar o jornal no papel. “A impressora é uma máquina enorme, que pode ser montada em módulo e aumentada. Do jeito que a nossa máquina está aqui hoje, ela tem quatro saídas, que nós chamamos de ‘bocas’. São quatro possibilidades diferentes de impressão”, aponta. Deste modo, é possível imprimir, simultaneamente, os cadernos de Cultura, Turismo e Informática, por exemplo. Só que dificilmente são usadas as quatro “bocas” ao mesmo tempo. “Normalmente trabalhamos com uma ou duas porque se alguma delas estragar, temos como rodar o jornal sem atraso nas outras.”

No primeiro andar da máquina, são colocados o papel e a tinta. O papel é adaptado à máquina quando ela está ligada e vai ser desenrolado para cima. No segundo andar, há um sistema de cilindros que trabalham sempre de dois a dois. Em um deles, a chapa é presa. “Como ela ocupa metade do perímetro do cilindro, temos de fazer uma outra chapa igual para colocar na metade restante. Por isso, na verdade, para cada página colorida não são quatro chapas, e, sim, oito. Quando o cilindro gira, atrás dele há tinta que ‘suja’ as imagens. No momento em que um cilindro gira sobre o outro, esse outro é recoberto por uma borracha (blanqueta). As imagens da chapa transferem-se para a blanqueta e o papel que sai passa por trás dessa borracha.”

Logo que a blanqueta gira, imprime o papel. Quando a chapa imprime a blanqueta, as imagens ficam espelhadas. Entretanto, no momento em que a blanqueta imprime no papel, as imagens são espelhadas outra vez, fazendo com que seja possível a leitura. “Esse é que o sistema off-set ou sistema de impressão indireto, no qual a matriz não encosta no meio de impressão final, que é o papel.”

Sendo assim, Maria Amélia resumiu o processo da seguinte forma: o papel sai do primeiro andar, recebe uma impressão em preto, sobe mais um pouco, passa em um outro cilindro e recebe impressão da mesma página em azul. “Por isso que essa chapa tem de estar muito presa, porque se a chapa sair do lugar, nem que seja bem pouquinho, vai dar aquela impressão de fantasma.” Logo depois, a máquina encarta, coloca as folhas uma dentro da outra. Depois de encartado, o jornal é cortado e dobrado. “No final da boca, sai aquele monte de caderno igualzinho. Uma esteira rolante leva esses cadernos para uma máquina que os conta e faz o pacote e depois para uma outra que amarra os jornais em pacotes. O primeiro caderno rodado é o de Cultura (cujos assuntos permanecem atuais durante a semana) e o último o Primeiro Caderno. Quando for ali pelas 23h30, meia noite, esse jornal, que começamos a fazer de manhã, começar a ficar pronto e nós temos a madrugada para mandá-los para as bancas e para os assinantes.”

O trabalho de reconhecimento do jornalismo como um todo é de fundamental importância, como avalia Maria Amélia Barros. “Acho muito interessante para quem está se formando na área de Comunicação, Jornalismo, especificamente, porque muitos dos meus colegas não possuem uma visão global da empresa. Acho que está é uma maneira de chamar a atenção para a responsabilidade social do trabalho do jornalista. É muito interessante que as pessoas tenham uma visão global do processo e que entendam tudo o que está envolvido para se fazer um jornal. Acho que é uma maneira de se valorizar o produto.”

Apesar do pouco tempo em que ficaram no Parque Gráfico dos Associados, os universitários puderam conhecer o processo de impressão dos jornais. Para a estudante do 4o período (noite) de Produção Editorial, Cátia Lima, seria necessário que o processo de impressão fosse mais detalhado: “o processo de impressão requer mais detalhes de como é o fotolito. Além disso, visita poderia ter um número menor de pessoas, tentar marcar um horário para pegar o início da transferência do fotolito, quando ele é colocado nas máquinas.”

Já a universitária do 3o período (noite) de Relações Públicas, Lisandra Ribeiro, “a visita ajuda a ter uma idéia de como se faz um jornal, já que nosso curso também é de Comunicação.” Marcelo Seabra, universitário do 3o período de Jornalismo diz que infelizmente o aspecto mais interessante que é o de ver as máquinas trabalhando não pode ser observado, devido um problema técnico. “Mas valeu a pena conhecer a estrutura de um grande jornal”, avaliou.

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